Wednesday, April 18, 2007

I got that blues spirit

Eu odeio me fazer de vítima, mas eu sempre soube que era o bagaço do bagaço quando era mais nova. Eu sei o quanto e me fodi e o quanto eu aprendi em 20 e poucos anos de vida. Só eu sei. Mas eu não espero do mundo, eu não espero de você, que tenha pena de mim. Não espero uma solução perfeita, nem uma terra prometida vindo dos EUA para pedir perdão pelo que a humanidade fez comigo.
Eu não sou tão tolinha assim.

Eu sei que tudo tem um pouco de mim nisso. Eu sei da minha culpa, eu sinto que no fundo fui eu quem escolheu cada caminho que eu segui. Eu sei o quanto eu errei achando que estava fazendo o certo e o quanto eu acertei achando que estava errando. Eu sei o quanto disso tudo é mea culpa.
Eu passei muito tempo esperando uma salvação. achando realmente que eu merecia tudo de bom que o mundo poderia me oferecer, imaginando que o que eu sofri era o bastante para o céu na terra me ser ofertado. E eu tive isso por um tempo, e achei muito justo. Um dia, como em qualquer outro no mundo, esse castelinho de areia desmoronou e com ele tudo que eu pensava de tudo. Me fiz vítima de novo e aceitei o fargo pesado de sofrer as dores do mundo. E fiquei por um tempo assim, até ser feliz de novo. Acreditei que dessa vez era pra valer. O mundo então fazia sentido, as peças todas se encaixaram, tudo que eu aprendi na força eu usei, bem usado e fui feliz.
Meus dias eram claros e tudo era tão lindo e ninguém no mundo poderia sentir o que eu sentia. E isso durou. O bastante para eu me iludir e me encher de esperanças. Esperanças o bastante para que quando caísse, eu não tivesse chão para chegar. A queda livre te dá o tempo bastante para pensar em tudo. E sem mais o que fazer, isso foi a única coisa que eu fiz.
E quando o fundo do poço me olhava e me chamava, para que eu me enterrasse ali dentro cheia de máguas e pena de mim mesma, eu decidi olhar para cima. E exatamente tudo aquilo que me empurrou na hora de tropeçar, era o que estava ali para tentar me puxar de volta. E eu vi a realidade. E entendi um pouco do tanto que eu achava que ja sabia. O mundo da voltas. Nada acontece por acaso.
Não tenho mais pena de mim. Nem quero de ninguém isso. Por favor. Enxerguei minhas falhas e resolvi fazer de mim algo melhor do que uma lamúria poética numa tarde fria. Resolvi correr atrás do que eu queria, do que me fazia bem, mandar o resto pro quinto dos infernos e aceitar o que fosse que viesse. Amar meus amigos que estavam comigo, sem lamentar a falta de outros. Aprendi a fazer o amor da minha vida se reapaixonar por mim e aprendi a conviver com tudo.
Já não tenho mais um brilho no olhar. Já não acho que tudo pode ser perfeito. Mas tão pouco acho que tudo pode se acabar em um mar de lamas. Vejo a realidade como uma folha de papel cheia de letrinhas, que é o que está ali e não adianta procurar mais a fundo. Aprendi a ver tudo com mais placidez do que paixão. Aprendi a ser um pouco racional. Aprendi a ter razão.
Não procuro mais o tesouro escondido no final do arco-íris, mas aprendi a aproveitar as moedinhas que caem do céu no meu colo. Sempre quis uma vida profunda, mas aprendi a viver no meio-termo. Me satizfaço com a felicidade absurda dos meus amigos (nada mais me faz mais feliz) e com a chance de ter um pouquinho dessa felicidade de novo um dia desses, qualquer.

3 comments:

Anonymous said...

dani, o seu final te entrega, não tem jeito, vc não é racional.

Anonymous said...

gostei. :)


e eu não tatuei outra coisa, só colori a que eu já tinha feito.

Anonymous said...

eu te mando uma foto depois. :)


:*