Friday, June 03, 2011

imobilizada

Solidão. No meio de tanta gente, ainda se sentia alheia, sentada no banco, sozinha, ela lia cara expressão, cada gesto e sorriso. Era como se estivesse de fora, olhando para uma cena qual não participava. Como se ninguém a visse, ali, encolhida em sua própria existência.
Não tinha vontade de participar. Ninguém buscava sua participação. As horas iam passando e algo mais faltava que ela nucna saberia. O mundo estava todo lá para se ver e se viver e ela estática. Esperando por alguma coisa que fosse mudar o curso de todo o resto, mas tudo mudava, menos seu canto frio. Às vezes achava que ouvia alguém gritar seu nome, mas como em sonho, a voz desaparecia.
Nada a prendia, mas o mundo a segurava. Tanta ânsia por ser livre e ir embora e continuava lá, parada, imóvel. Assistia de longe todos irem embora, caçarem o rumo de suas vidas, se separarem da sua, e continuava lá. Algumas gotas de chuva, pensou em se levantar e ir embora de novo, mas não foi. Mais uma vez tudo ao seu redor mudou, mas tudo continuava igual.
Era como se fosse rodeada de uma parede invisível que separava tudo de seu corpo inerte. E sentia a dor de não ser igual, de não ser forte ou decidida. Sentia pena, de todos e principalmente dela. Todas as promessas que ela poderia ter sido e que fez e nunca cumpriu ou vai cumprir. Talvez fique ali para sempre, com sua boca cheia de dentes e seus olhos vazios, talvez nunca mude, sentindo medo demais de não mudar.