Friday, April 03, 2009

11/06/04

"De qualquer forma, penso que devo fechar meus olhos, porque não se sente bem sendo vigiada por mim, essa menina. Não entendo o desconforto e parece que me vigia também. Começo a me desconfortar também. Por direito. Pretenciosa me parece. Cheia das verdades que não acredita. Não tem olhar imponente, mas impõem-se por medo de si própria. Acho que ela é muda, coitada. Se bem que acho que já a ouvi falar. Talvez seja só para mim que ela se cala.
Acho também que ela tem muito mais de mim do que eu imaginaria se a visse passando por aí, num canto, perdida. Mas só a vejo no espelho, quando estou a procurar por mim e não me vejo. Acho que tenho medo dela, ela de mim, eu de mim e ela dela. Acho que no fundo somos pessoas medrosas com medo de olhos investigativos. Medo de perguntas que se calam. Medo de pensamentos que se podem ouvir. Medo de criança que somos. Medo do reflexo. Medo de nós [mim] mesmas."

Rio de minhas infantilidades... De como eu via o fim do mundo no simples começo da minha vida. Em como o medo do que era crescer me fazia tremer e temer frente à vida, tão longa que se seguiria e a qual eu nunca imaginaria da forma correta. Eu não cresci grandes proporções, minha cabeça expandiu um pouco, a força. Mais ainda sou boba, silly, silly girl. Tanto para se ver, tanto para sentir! E eu ainda estou aqui, me preocupando com a mesma coisa que essa menininha de desessete se preocupa.
Faz cinco anos. Caçando pelo passado eu sempre encontro surpresas. Na época a conotação disso tudo estava incluída nos meus grandes problemas de adolescente, que não ultrapassavam a linha de dores de cotovelo e meninos maus. Mas veja só que é o medo, nele que tenho pensado tanto, que era o assunto que afligia. Hoje esse textinho besta faz muito mais sentido que antes. Meu medo sempre foi de mim mesma, nunca além, nunca atrás. Hoje a loucura me dá medo, ou melhor, o medo me enlouquece. Estou encaixando meus pensamentos em cada lugar onde eles deveriam ficar, e tenho calma. Por incrível que pareça, em dois dias, perdi o o medo. Lógico que ele pode voltar, mas cabe à mim, e só a mim, ter força. E agora que sei que a felicidade não é para onde eu vou, é por onde eu vou, caminharei com ela para o proximo destino; à coragem.