Tuesday, February 08, 2011

nada disso é meu.

E lá estou eu. Me esquecendo de mim mais uma vez, negando meus problemas que eu posso empurrar com a barriga por mais um tempo, como sempre fiz. Fumando cigarros que não são meus, bebendo o vinho que não fui eu que comprei, lendo um livro que só posso desejar ter escrito, me revoltando com histórias de vidas que não são minhas e me alegrando por outras que passam por momentos que também não fazem parte do que compõe o que eu passei.
Parei de ler o livro que mais me consumiu nos últimos tempos. Parei de assistir a série que mais vi em toda minha vida. Parei de conversar com meus amigos que talvez mais precisassem de mim no momento. porque senti essa urgência em escrever sobre o que não está me acontecendo. sobre minha revolta com ações de outros com outrém. sobre minha felicidade de pessoas que conseguem overcome situations. sobre textos que mechem comigo e me fazem querer mudar minha vida.
Mas agora que estou aqui, não tenho nada a dizer, como sempre. não vou reclamar de nada pois não sei se estou em posição de reclamar ou agradecer. se preciso de mudança ou de perseverança para continuar tudo como está. só escrevo,porque o alcool faz de meus dedos máquinas digitadoras que nem ao menos leem o que estão a escrever. porque a noite faz de mim uma romântica, uma poeta que nega a minha própria realidade. E prefere pensar na realidade de outros. Porque o livro que criei em mim com todas as teorias que gostaria de compartilhar estão guardados no fundo da minha mente, para o momento certo, que provavelmente nunca chegará.
fico na vida do gozo prematuro que não consegue alcançar o orgasmo perfeito atravéz de paciência. Logo eu, que sempre fui a mais paciente de todos, não tenho paciência com meus próprios pensamentos, minhas próprias ideias. talvez deveria comprar um gravador, como falei a pouco que faria, mas sei que nunca vou fazer. vou ficar me lamentando por tudo aquilo de significativo e interessante que se passou pela minha cabeça e guardei pra mim, por medo, vergonha ou preguiça. é mais fácil ser sábia para ajudar do que para criar.
e já não sei se o que escrevo faz sentido do começo ao fim, porque uso o conselho que dei para me distrair da minha própria realidade. escrevendo livre-associações que no final não me levarão a nada. revendo episódios de seriados que já vi e deixando o livro que me hipnotizou de lado, aberto na pagina que parei, para voltar a ler quando me der na telha.
vou lá, criar coragem. não para dizer sobre tudo que vem passando em minha mente confusa, mas para voltar a ler a confusão da mente de outra pessoa que me encanta. porque sempre me foi mais fácil a genialidade e a vida interessante dos outros do que minha mediocridade e problemas que eu mesma crio. vou lá voltar pro meu livro, que me distrai da minha realidade ao mesmo tempo que abre meus olhos pra realidade lá fora, que sempre foi mais interessante que aqui dentro.