Thursday, August 03, 2006

Todos os bacanas da cidade

O acúmulo de informação é o que gera o aprendizado e entendimento do mundo. Você estimula seus sentidos e compreende mais facilmente o mundo a sua volta. Essa é a teoria e explicação científica, mas como a humanidade se institui cada vez mais invertendo todos os papeis que lhe foram colocados, essa descarga eletro-choque de conhecimento só funciona com um narcótico invisível que idiotifica ainda mais os seres pensantes, uma vez que uma mínima parcela absorve alguma coisa da informação que consumiu.
Saber nomes se tornou mais importante que realmente compreender a complexa rede de estímulos que cada um desses nomes nos fornece. Imagine que uma música impecável, harmônica em sua estrutura e com uma letra inteligente não agrada somente aos nossos ouvidos, como também sensibiliza nossa visão para o belo, nosso tato para o próximo e nosso olfato para o mundo, como se sugasse-nos para dentro de sua composição; assim acontece com uma leitura relevante, que não adiciona somente palavrinhas ao nosso vocabulário extenso, mas adiciona algo mais que não pode ser explicado verbalmente. Isso não importa mais. Se você souber citar nomes de autores consagrados e músicos sensíveis, você está apto a participar da elite cultural de sua cidade.
A partir desse momento, você pode dizer qualquer coisa, que a plebe ao seu redor irá aplaudir e será entusiasta de qualquer porcaria que você invente. Já existem artistas plásticos que propõem ser, sua própria merda em lata, arte e realmente fazem dinheiro com isso. Juiz de Fora não está longe desse estigma, a sociedade "fotologável" e "orkutizada" cria uma imagem endeusada de si mesmo que diz frases de “efeito” e vende seu peixe, seja ele qual for. Não sei ainda qual personagem dessa história é mais lamentável, se é o porco que vende sua lama como ouro, ou o burro, que compra satisfeito e ainda conta para os amiguinhos fazendo-os se sentirem menores e, assim, constituindo toda uma complexa hierarquia de castas bizarras.
Talvez o mais triste seja perceber que algumas dessas pessoas teriam potencial para ser melhores do que se mostram atualmente, que poderiam crescer e representar alguma coisa boa ou realmente participar de algo maior, como fazem tanta questão de fingir.

Cegos e debilitados todos nós estamos suscetíveis ainda mais a ações trogloditas e inexplicáveis.

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